Memorizar as operações é necessário num mundo de tanta tecnologia?
Muitas são as pessoas que relatam traumas vividos na escola por conta da tabuada, ou de como ela foi usada. Não é preciso ir longe para encontrar quem foi submetido à palmatória, às sabatinas ou mesmo a uma exposição pública por não saber responder instantaneamente quanto é cinco vezes nove. Graças a essa deturpação do uso pedagógico da ferramenta, uma legião de famílias se posicionaram nos anos seguintes assumindo um discurso de que não gostariam desse mesmo sofrimento para os seus filhos e por isso optariam por um ensino mais contextualizado, longe das estruturas de memorização que faziam os alunos sofrerem e não ofereciam nenhum contexto.
Pois bem, depois disso cresceu muito o número de alunos de nono ano flagrados nas provas de Matemática fazendo as contas nos dedos e com dificuldades acentuadas nessa disciplina. Os currículos foram enxugados, hoje se vê cerca de 60% dos conteúdos que eram vistos há 20 anos atrás, mesmo assim as dificuldades de aprendizado em Matemática ou permanecem iguais ou se acentuaram. É fato que a linha pedagógica dominante no presente tem revelado avanços gigantes, sobretudo na visão mais humanizada de que o conteúdo está para o homem e não o homem para o conteúdo, no entanto, ainda não se conseguiu resolver o desconforto da grande maioria das pessoas com a Matemática.
Pois bem, dito isso precisamos esclarecer que para a Matemática o estudo da tabuada é importante numa determinada fase de desenvolvimento da pessoa. E é fácil de entender o motivo. Fazer uma conta não é um conteúdo que exija raciocínio e pensamento elaborado. É apenas um procedimento um passo a passo que deve ser seguido. Observando alunos que não têm trato com a tabuada eles demonstram gastar muita energia, sobretudo em provas, com as “contas”. A insegurança na realização das operações causam uma instabilidade que os deixa vulneráveis e quase incapazes de realizarem raciocínios mais elaborados. Saber fazer operações com destreza dá confiança para fazer desafios maiores. É bom que se diga que não há nada errado em fazer operações usando os dedos, é como recorrer a um instrumento concreto para auxiliar na operação. De fato, recursos materiais são usados em diversos estágios de desenvolvimento da criança, mas ao final do Ensino Fundamental II, mais precisamente no 9° ano, as operações já devem estar automatizadas. Caso contrário, o Ensino Médio será um suplício, principalmente em Matemática.
Cabe dizer que há uma fase de desenvolvimento do indivíduo em que ele deve compreender como se realiza as operações e, de preferência consiga fazê-las bem, manualmente. Depois dessa compreensão, ele pode perfeitamente otimizar o seu tempo com o uso da calculadora ou de recursos que acelerem a obtenção dos resultados. O que se quer dizer com isso, é que a tabuada preenche um espaço de tempo que ajuda no desenvolvimento integral do indivíduo e, ao se atingir esse estágio, é possível caminhar sem o uso dos recursos manuais, afinal, a vida cotidiana é assim.
Para finalizar, é importante dizer que existem muitos recursos diferentes hoje em dia que podem transformar o estudo da tabuada em algo prazeroso e desafiador. Você conhece alguma dessas opções? Você usa a tabuada na sua prática diária?